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Desde 1999, o Instituto de Cores Pantone anuncia aquilo que ficou conhecido como a “cor do ano”. Uma escolha simbólica que, ano após ano, gera debates, inspira criativos e movimenta mercados inteiros. Na última semana, a Pantone revelou a escolha para 2026, PANTONE 11-4201 Cloud Dancer.

A seleção não é aleatória, é feita a partir de pesquisas de comportamento, tecnologia, moda, cinema, redes sociais e até os grandes eventos esportivos que moldam o clima cultural. O objetivo é encontrar uma cor capaz de traduzir o que está se aproximando, aquilo que estamos prestes a viver, sentir e criar. E claro, quando o anúncio acontece, sempre vem acompanhado de uma narrativa que explica o simbolismo daquele tom.
Para 2026, a Cloud Dancer foi apresentada como um “branco ondulante equilibrado”, um tom estrutural que, segundo Laurie Pressman, vice-presidente do Pantone, “permite que todas as outras cores se destaquem”. A interpretação é um convite ao recomeço, um espaço de respiro, uma pausa para reorganizar pensamentos. Pantone usa a metáfora de uma tela em branco, pronta para receber novas texturas, ideias e direções criativas.
A Diretora Executiva da Pantone, Leatrice Eiseman, reforça esse discurso ao afirmar que Cloud Dancer representa “uma promessa de clareza em meio à cacofonia contemporânea”. Em um momento em que estamos revendo nosso papel no mundo, a cor surge como um símbolo de silêncio, foco e simplificação.

Nas redes sociais, fóruns e perfis especializados, criticaram a escolha da Pantone. Alguns questionaram o simbolismo de um branco como cor do ano, enquanto outros apontaram questões mais profundas, incluindo discussões sobre eugenia e representatividade. Mandy Lee, especialista em tendências, classificou a decisão como “decepcionante”.
Foi nesse turbilhão que a Suvinil entrou em cena, transformando a repercussão em oportunidade. A marca lançou o projeto Co(r)existir, propondo uma narrativa quase oposta à da Pantone. Em vez de um branco minimalista, a Suvinil apostou em dois tons, sendo eles Tempestade e Cipó da Amazônia. A escolha foi inspirada pelo que define como o verdadeiro palco da brasilidade: o boteco. Um lugar de encontros, afeto, texturas, sotaques, e vida real. “O boteco é o retrato do Brasil que a gente vive”, explica Sylvia, reforçando que a escolha das cores nasce de um olhar que valoriza conexões, histórias e autenticidade.

E esse é um ponto curioso no debate, as cores carregam narrativas. Elas movem mercados, moldam tendências, inspiram estéticas e, principalmente, revelam muito do momento cultural que estamos vivendo. O que poderia passar despercebido como apenas um tom, virou combustível para conversas profundas e em poucos dias gerou análises, críticas, memes e reposicionamentos de marcas.

Se 2026 será ou não um ano mais sóbrio, ainda não dá para prever. Mas o movimento que a Cloud Dancer provocou revela algo maior, a cor do ano não dita apenas tendências, ela abre diálogos. E quando diferentes culturas, mercados e marcas começam a responder com seus próprios tons, percebemos que a paleta do futuro é construída em conjunto.
No fim, talvez a verdadeira tendência não esteja na cor em si, mas na conversa que ela desperta.
Até a próxima explorador!